SEM BOLA DE CRISTAL
Texto Bíblico: Tiago 4.13-17
Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isso ou aquilo. v.15
Introdução
Em um mundo onde o sucesso é muitas vezes medido pela habilidade de prever e planejar o futuro, somos constantemente encorajados a tomar decisões calculadas e a agir com confiança em nossos próprios planos. Um exemplo intrigante disso é a história da Blockbuster e da Netflix. Em 2000, a Netflix, uma pequena empresa de aluguel de filmes, foi oferecida para a gigante Blockbuster por US$50 milhões. A Blockbuster, com milhões de clientes e uma posição dominante no mercado, recusou a oferta. Vinte anos depois, a Netflix se tornou uma das maiores empresas de entretenimento do mundo, enquanto a Blockbuster declarou falência.
Desenvolvimento
Esta história ilustra a incerteza do futuro e a fragilidade dos planos humanos, um tema central na passagem de Tiago 4.13-17, onde somos advertidos contra a presunção de achar que controlamos nossa própria vida, afinal, não temos a famosa “bola de cristal”.
A epístola de Tiago foi escrita em um período onde os cristãos enfrentavam dificuldades e perseguições. Muitos eram comerciantes e trabalhadores que viajavam de cidade em cidade para fazer negócios. A confiança na própria habilidade de planejar e prever o futuro era uma atitude comum entre esses grupos. Tiago, reconhecendo a natureza fugaz e incerta da vida, escreve para corrigir essa confiança excessiva, lembrando os cristãos de que toda a vida está nas mãos de Deus. Ele enfatiza que o planejamento é necessário, mas deve ser feito com humildade e dependência da vontade divina.
1. O Pecado da Presunção (Tiago 4:13-14)
"Eia agora vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; no entanto, não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece."
Tiago começa abordando aqueles que fazem planos grandiosos sem considerar a incerteza da vida. Ele lembra que a vida é como uma névoa que aparece e logo desaparece, destacando a brevidade e fragilidade da existência humana. A presunção de que podemos controlar o futuro é um erro, pois somente Deus conhece o amanhã.
Quantos planos fazemos sem considerar a possibilidade de não chegarem ao fim, nem mesmo ao começo? Por isso muitas vezes nos tornamos frustrados e muitos se rebelam contra Deus, creditando a Ele uma culpa que não teve. Nós é que somos soberbos e queremos nossa vontade a todo custo.
2. A Necessidade da Humildade (Tiago 4:15)
"Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo."
Aqui, a Bíblia nos ensina a abordagem correta ao fazer planos: a humildade de reconhecer a soberania de Deus. Em vez de fazer planos com arrogância, devemos submeter nossos desejos e intenções à vontade de Deus, entendendo que Ele é quem guia nossos passos e que tudo o que fazemos deve estar em consonância com Sua vontade.
Ser submisso à sua vontade é uma atitude de fé e prova de que aceitaremos tudo o que ele tem para nós. Muitas vezes os planos divinos não coincidem com os nossos, e se insistirmos, algo acabará mal, pois só o nosso Pai sabe o que será bom de fato para seus filhos e filhas.
3. A Advertência Contra a Arrogância (Tiago 4:16-17)
"Mas agora vos gloriais nas vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."
Tiago conclui com uma advertência severa contra o orgulho nos próprios planos. Ele chama isso de mal, pois glorifica a autossuficiência em vez da dependência de Deus. Além disso, ele ressalta a responsabilidade de fazer o bem quando se tem a oportunidade, sugerindo que a negligência nisso é pecaminosa.
A história da Blockbuster e da Netflix é um exemplo moderno de como os planos humanos podem falhar diante da imprevisibilidade do futuro. Assim como a Blockbuster subestimou a importância da Netflix, muitas vezes subestimamos nossa própria fragilidade e dependência de Deus. Devemos, sim, planejar, mas sempre com a consciência de que nossos dias estão nas mãos de Deus. Ao incluir "Se o Senhor quiser" em nossas decisões, reconhecemos a soberania divina e demonstramos uma atitude de humildade e confiança em Deus.
Além disso, essa passagem nos desafia a sermos gratos a Deus por todas as bênçãos em nossas vidas, reconhecendo que tudo de bom vem Dele (Tiago 1:17). A gratidão é um antídoto contra o orgulho e nos lembra que somos dependentes de Deus para tudo, desde as pequenas decisões diárias até os grandes planos para o futuro.
Conclusão
A vida é incerta e breve, e por mais que tentemos, não podemos controlar o futuro. Tiago nos lembra que a presunção é um pecado, e que devemos confiar na vontade de Deus em todos os nossos planos. Em vez de nos vangloriarmos de nossas próprias habilidades, devemos buscar a direção de Deus e submeter nossas vidas ao Seu controle. Que possamos, em todas as coisas, dizer com sinceridade: "Se o Senhor quiser".
Para Conversarem:
Você costuma fazer planos sem considerar a vontade de Deus? Como podemos incluir a expressão "Se o Senhor quiser" em nossas decisões diárias?
Como podemos equilibrar a necessidade de planejamento com a humildade de depender da vontade de Deus?
Pr. Fábio Alcântara